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Gustavo Petro — vítima de lawfare? [1]

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Date: 2023-08

O antecessor de Petro, Iván Duque, não só foi acusado de desviar dinheiro público para sua campanha de 2018, mas também está sendo investigado por suposta fraude eleitoral e tráfico de votos em conspiração com um suposto traficante de drogas assassinado no Brasil.

A conspiração também teria incluído Álvaro Uribe, presidente entre 2002 e 2010 e mentor de Duque, que teve investigação aberta contra ele em março de 2020 e foi preso preventivamente em agosto daquele ano.

O antecessor de Duque, Juan Manuel Santos, que também venceu a eleição como o candidato uribista, esteve envolvido no mega-escândalo de corrupção da construtora brasileira Odebrecht, que admitiu ter financiado de forma ilegal a campanha do ex-presidente. Em 2017, Santos reconheceu ter recebido os pagamentos.

Ou seja, a Colômbia não teve presidente eleito neste século que não tenha sido acusado de utilizar fundos ilegais nas suas campanhas eleitorais. A maneira como a mídia tradicional colombiana cobriu as investigações do financiamento da campanha do Petro é completamente desproporcional em comparação aos casos dos últimos três presidentes.

Assim, é difícil acreditar que a elite política colombiana esteja de fato horrorizada com as acusações contra Petro. Para muitos analistas, os escândalos em torno do atual governo são um pretexto para as forças políticas colombiana evitarem as reformas progressistas do presidente por meio do Judiciário, uma tática conhecida como lawfare.

Para Petro, a oposição age de forma antidemocrática. “Nossos rivais políticos foram rápidos em registrar queixas contra mim na comissão de acusações. No entanto, em nenhuma entrevista ou áudio foi demonstrado que cometi um crime", argumentou no Twitter após o escândalo de Benedetti. "Esta é uma simples tentativa de golpe brando para travar a luta contra a impunidade", disse ele.

Embora a declaração de Petro possa soar dramática, as elites latino-americanas têm um extenso histórico de uso do Judiciário e do Legislativo para contornar o Executivo, o poder que mais claramente representa o voto dos cidadãos em nossas sociedades presidencialistas. O Peru é o caso mais significativo deste século, com uma longa lista de presidentes depostos, um após o outro, por um Congresso dominado pelo fujimorismo que não consegue ganhar a presidência nas urnas.

A possibilidade de Petro não terminar seu mandato, ou de não conseguir de fato governar, é provável. Mas essa realidade se deve menos aos supostos crimes eleitorais ocorridos do que à incapacidade das forças políticas dominantes de aceitar os interesses dos cidadãos, que saíram às ruas para manifestar seu apoio às reformas do Petro.

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[1] Url: https://www.opendemocracy.net/pt/gustavo-petro-lawfare-presidente-esquerda-colombia/

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