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Servidores do Ibama expõem absurdos da doutrina militar no combate ao crime ambiental na Amazônia

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Date: 2021-09

A GLO da Amazônia foi uma pronta resposta de Bolsonaro à pressão internacional geopolítica de países europeus contra a falta de ação do governo brasileiro durante as queimadas de 2019. Os principais focos de incêndio que motivaram a resposta foram os que tomaram a floresta ao redor BR-163, rodovia que liga Cuiabá e Santarém (PA), também conhecida como a "BR da soja".

O dia 15 de setembro daquele ano foi apelidado de "Dia do Fogo", data em que ruralistas do município de Novo Progresso (PA) combinaram de provocar incêndios criminosos. O servidor César*, do ICMBio, viveu de perto todas as fases do episódio. Ele coordenava uma das unidades de conservação da região próxima à Novo Progresso na ocasião do Dia do Fogo e continuou na coordenação durante a implementação da operação Verde Brasil I.

César conta que, no começo, com o anúncio da GLO, ficou entusiasmado com a possibilidade de maior apoio operacional das FA e de ter acesso a melhores equipamentos, imaginando que a operação se daria como outras parcerias anteriores nas quais o Exército apoiava os órgãos ambientais em áreas operacionais.

Mas logo a animação caiu por terra. "É o mesmo Exército, mas mudou o governo. Estão bem menos prestativos. Encontramos uma série de dificuldades, regras internas, pouco conhecimento das infrações ambientais", explica. "Achávamos que iríamos definir o planejamento e eles acompanhariam nossa linha. Mas o modus operandi do Exército é muito diferente e eles sempre voltavam atrás no nosso planejamento, havia muita dificuldade de comunicação", lembra.

O servidor teve que realizar toda uma mudança de planejamento para atender à GLO. "E no final descobrimos que tínhamos mais efetividade mantendo nosso planejamento anterior do que trabalhando com eles, era um despreparo muito grande", completa.

Perda de autonomia e inteligência "descartada"

Quando o Ministério da Defesa (MD) e o Comando do Exército são questionados sobre os resultados da Verde Brasil I e II, a resposta padrão é uma coletânea de resultados de operações de diferentes órgãos ambientais e forças policiais na Amazônia, mesmo as que não tiveram qualquer participação ou comando das Forças Armadas, ou as que nem estão relacionadas com o combate ao crime ambiental.

Entretanto, os resultados da GLO representam uma queda no número de operações, autos de infração e uma redução significativa no combate ao crime ambiental de modo geral. Entre 2015 e 2018, foram registrados 63.868 autos de infração, uma média de 15.967 por ano, de acordo com dados levantados pela CNN. Já entre 2019 e 2020, foram aplicadas 22.395 autuações, uma média anual de 11.198.
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[1] Url: https://www.opendemocracy.net/pt/servidores-ibama-expoem-absurdos-doutrina-militar-combate-ao-crime-ambiental-amazonia/
[2] url: https://creativecommons.org/licenses/by-nd/4.0/

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