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Febre, madeira balsa e pandemia no território Achuar
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Diante do impacto crescente da febre da balsa na Amazônia central, causada pela alta demanda internacional por esta madeira, leve, resistente e muito utilizada para fabricar lâminas de geradores de energia eólica na Europa e na China, juntamente com meus colegas Bryan Garcés e Lenin Montahuano, a equipe de comunicação da Confeniae Lanceros Digitales decidiu documentar esta realidade através de visitas de campo, principalmente ao território Achuar.

Entramos pela estrada Chico Copataza e ao longo do caminho vimos pelo menos cinco caminhões carregando troncos de madeira balsa, com a presença de não-indígenas. Em resposta ao pedido do líder Achuar, começamos a manter um registro audiovisual de tudo o que estava acontecendo no território. Quando começamos a viagem com nossa equipe para documentar a situação, vimos caminhões carregando e descarregando balsa, barcos transportando essa madeira, pessoas chegando e indo.

Já na viagem de canoa no rio Pastaza, observamos como dezenas de pessoas estavam concentradas em cada uma das ilhas que existem ao longo deste grande rio, cortando precisamente as maiores árvores de balsa para conseguir mais madeira. Seus acampamentos ocupavam cerca de dois quilômetros quadrados em cada ilha, nas margens do rio. Isto era apenas o começo, a situação iria se complicar mais tarde.

"Não há autorização para tirar balsa de nosso território, eu não dei essa disposição, senhores", afirmou Tiyua Uyunkar, presidente do povo Achuar do Equador, que nos acompanhou em nosso trajeto, enquanto observava a efervescência da extração. "O corte de madeira deve parar imediatamente porque coloca em risco a conservação de nossas margens do rio e isto pode então desencadear inundações que afetam nossas comunidades. Realizaremos assembleias com os presidentes das associações e comunidades porque este é um território comunitário e o povo deve tomar decisões", disse Uyunkar, mostrando visível preocupação.

Neste e em outros recorridos, visitamos até 15 acampamentos ilegais estabelecidos nas ilhas do Rio Pastaza. E isso é apenas no território Achuar. Sabemos que em outras áreas, como Kichwa e Waorani, a febre também disparou e pontos de exploração similares são encontrados ao longo de diferentes bacias hidrográficas.

Mas além do corte indiscriminado dessa madeira valiosa, outros fenômenos de degradação derivados de atividades extrativas foram observados nas comunidades. Prostituição, alcoolismo e desintegração social proliferam.

Combate à febre da balsa

A comunidade de Sharamentsa, localizada no território Achuar do baixo Pastaza, decidiu não cortar mais os paus-de-balsa e manter a proteção permanente das ilhas e dos animais que as habitam, uma vez que são fundamentais para o equilíbrio ecológico da área. Além disso, decidiram realizar diferentes alternativas econômicas à balsa, tais como a produção de alimentos, educação e turismo. Sharamentsa é uma comunidade ecológica modelo que decidiu resistir.

[1] Url: https://www.opendemocracy.net/pt/febre-madeira-balsa-pandemia-territorio-achuar/