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A mineração ameaça o centro sagrado do mundo
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Na Amazônia colombiana, em meio à pandemia, as autoridades detectaram em junho passado várias embarcações ilegais nos rios Puré e Purité, segundo Sousa Valencia, secretário de Agricultura do governo do Amazonas.
"Convocou-se o comitê (departamental de combate a depósitos de mineração) de forma extraordinária e as forças públicas, acompanhadas pela polícia, a força aérea e o exército, realizaram ações que levaram à destruição dessas dragas e à apreensão de alguns elementos relacionados a essa atividade", acrescentou o oficial. A operação resultou na destruição de dez dragas de extração de ouro no Parque Nacional Natural Puré.
No entanto, os indígenas advertem que dragas continuam a extrair ouro sem piedade na parte baixa do rio Caquetá.
Além disso, entre 2014 e novembro de 2020, o governo concedeu 54 títulos de mineiração para grande parte da região amazônica (que inclui os departamentos do Amazonas, Caquetá, Guainía, Guaviare, Putumayo e Vaupés), segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM) em resposta a uma solicitação da Agenda Propia. Em Vaupés, um título para a exploração de coltan (columbita-tantalita) também vem sendo questionado. Os líderes indígenas denunciaram que a consulta prévia foi violada, como relatado em Defensores dos Cerros Sagrados.
A todas essas pressões que põem em risco a vida dos povos indígenas, soma-se a Covid-19. O departamento do Amazonas foi um dos maiores epicentros de contágio no sul da Colômbia. Na área não municipalizada de La Pedrera, porta de entrada para Yaigogé Apaporis, foi o segundo foco de infecção naquela região, com 79 casos confirmados. Em 18 de fevereiro de 2021, o Instituto Nacional de Saúde da Colômbia relatou 4.531 casos e 154 mortes na Amazônia.
Na época, as autoridades tradicionais dos Yaigojé Apaporis aconselharam os indígenas a não visitar La Pedrera para evitar o contágio. Diante desta situação, muitas famílias decidiram refugiar-se na selva por um tempo. No entanto, para os mais velhos, a doença é resultado do crescente abuso da natureza.
"Entrar em locais sagrados, remover materiais e árvores é o que gera danos e é por isso que a natureza está nos causando danos. Como ela (a Covid-19) sai da terra, o que nossos anciãos fizeram para combater a doença foi mandá-la de volta à terra, para que não volte a brotar ou não seja muito grave para as comunidades", diz Robin, referindo-se às suas crenças.
Líderes ambientais
Diante das múltiplas ameaças enfrentadas pelos povos indígenas Yaigojé Apaporis, seus habitantes caminharam em direção ao fortalecimento cultural e espiritual, além de implementar ferramentas externas que ajudam a reavivar as vozes de seus líderes, em defesa de seu território ancestral. Para Robin e os Jaguares del Yuruparí este lugar é considerado uma grande maloca, ou ibiari nos idiomas Macuna e Barazano.
Uma das ações de defesa que realizam desde 2018 é o Regime Especial de Gestão (REM), um sistema de proteção dos Parques Nacionais da Colômbia que transforma a Yaigojé Apaporis em uma área protegida de caráter especial onde o cuidado ambiental parte do conhecimento e sabedoria ancestral dos povos indígenas que a habitam.
Além disso, os filhos de Jaguar de Yuruparí decidiram, em 30 de novembro de 2019, criar o Conselho Indígena de Yaigojé Apaporis, de acordo com o Decreto Lei 632 de 2018 da Colômbia. Esta é uma ferramenta legal que permite aos povos indígenas funcionar como entidade pública e ter autonomia no uso de seus recursos econômicos, políticos e territoriais.
[1] Url:
https://www.opendemocracy.net/pt/mineracao-ameaca-centro-sagrado-mundo-amazonia-colombia/