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A Colômbia falha Jineth Bedoya em inédita decisão em caso de violência sexual
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Gómez acusou os juízes Elizabeth Odio Benito, presidente da corte, Patricio Pazmiño Freire, E. Raúl Zaffaroni e Ricardo Pérez Manrique de fazer perguntas e comentários que mostraram parcialidade em favor de Bedoya. Acrescentou que, ao se retirar da audiência, não buscou ser "indelicado" com a vítima, mas evitar que uma injustiça fosse cometida contra o Estado, que compareceu perante a corte esperando imparcialidade dos juízes. "Isso não aconteceu neste caso, e não é a primeira vez", disse Gómez.
A audiência virtual em 15 de março | Jineth Bedoya/Twitter
Diante dessas declarações e da decisão inédita de um Estado de abandonar a audiência, a Corte declarou inadmissível o pedido formulado pelo Estado. Também declarou inadmissível seu pedido de paralisar a audiência e seu pedido de excluir do expediente internacional as perguntas dos juízes. Também negou o pedido do Estado colombiano de encaminhar o pedido à Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), acrescentando que cabe à Corte e seus membros continuar com a audiência no Caso Bedoya Lima et al. v. Colômbia.
O caso
Em 25 de maio de 2000, Jineth Bedoya, uma jornalista de então 26 anos que investigava o paramilitarismo na Colômbia, especificamente casos de tráfico de armas, desaparecimentos e homicídios envolvendo o grupo paramilitar conhecido como Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), foi chamada por um paramilitar na prisão La Modelo de Bogotá para conceder uma entrevista. Entretanto, antes de entrar na prisão, Bedoya foi interceptada por três homens que a colocaram em um carro, drogaram, torturaram e estupraram durante 16 horas.
Depois a abandonaram em uma estrada que levava para fora da cidade. Segundo Bedoya, os homens que a sequestram se identificaram como paramilitares e lhe disseram que queriam enviar uma mensagem para todos os jornalistas na Colômbia.
Desde seu ataque, Bedoya criou o "No es hora de callar", um projeto jornalístico que ela dirige para o jornal colombiano El Tiempo, através do qual procura defender as mulheres que são atacadas e assassinadas na Colômbia.
Em um vídeo que compartilhou em sua conta no Twitter antes de comparecer à audiência, Bedoya disse que testemunhar perante um tribunal criminal tão alto significa "não apenas uma vindicação para mim, como jornalista e como mulher, mas também uma janela de esperança para milhares de mulheres e meninas que, como eu, tiveram que enfrentar violência sexual em meio ao conflito armado colombiano".
Ao longo da história da guerra civil na Colômbia, os corpos de mulheres e meninas têm sido tratados como territórios de guerra. Nos arquivos do Centro Nacional de Memória Histórica (CNMH), há centenas de testemunhos de mulheres estupradas e torturadas apenas pela presunção de serem namoradas ou funcionárias do lado oposto daqueles que atacavam suas cidades. Da mesma forma, o CNMH afirma que, entre 1985 e 2016, a Colômbia registrou 15.076 casos de violência sexual no contexto do conflito, nos quais 91% das vítimas eram mulheres. A Colômbia também registou 630 feminicídios em 2020 e 106 até agora em 2021, segundo o Observatório de Feminicídios da Colômbia.
O caso de Bedoya ficou engavetado por anos. Recentemente, com o apoio da Fundação Liberdade de Imprensa (FLIP) e do Centro pela Justiça e o Direito Internacional (CEJIL), o Estado colombiano foi chamado a prestar contas por não ter garantido e protegido seus direitos.
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